Tuesday, April 10, 2007

Testamento

Servos meus, ouvide bem
Em silêncio o que vos digo
Vós ides sofrer também
C’o meu injusto castigo.

Fiz dos meus dias cinzentos
Minha cor do dia a dia
E dos rudes elementos
A capa que me cobria.

Para vós guardei tormentos
Tsunamis, tempestades
Foram só suaves ventos
Soprando minhas vontades.

Vede bem sou condenado
Mas não vou partir daqui
Antes de ter acabado
Tudo o que vos prometi.

Parto porém consciente
Da obra que efectuei
Fica entre vós a semente
Outros sobas inspirei.

Há um país invernoso
C’o vosso muito parecido
Onde um ditador saudoso
Foi agora distinguido.

Eu também vos quis dotar
Das maiores comodidades
Paragens onde esperar
O Metro das Humidades.

Deixo também uma praça
Onde um caso se passou
Que tinha um parque de graça
E no álcool se afundou.

Depois lá cima subide
Ao Monte dos Vendavais
Onde quem ali decide
É a força dos temporais.

Vereis o Ave a passar
Coitadinho leva mágoas
Vai no mar desaguar
Para lavar suas águas.

Vós também ireis curar
Vossos males noutro lado
E assim vai piorar
Inda mais o vosso estado.

Vou agitar forte aragem
Pra vos levar embalados
Oxalá haja portagem
Ficareis mais consolados.

Agora que vou arder
Minha vontade maior
É a todos prometer
Um ano muito pior.

Um ano de muito frio
Ano de muito nevar
Semanas de chuva a fio
Outro Judas a mandar.

1 comment:

lucho said...

então e as fotos deste evento? Não há?